Boto Cor de Rosa quebra jejum e reina no Festival dos Botos 2025 com espetáculo de encantaria ribeirinha

O resultado da apuração da Disputa dos Botos saiu nesta segunda (22), dando ao Cor de Rosa o seu 12° título, com 473 pontos

9/22/20251 min read

Depois de três anos seguidos amargando o vice, o Boto Cor de Rosa finalmente retomou seu lugar no trono do Festival dos Botos. Na tarde desta segunda-feira (22), no Lago dos Botos, em Alter do Chão, Santarém, a apuração coroou a vitória da agremiação, que conquistou seu 12º título com 473 pontos. Com o tema “Catraia: a encantaria do atravessar”, o Cor de Rosa desbancou o rival Tucuxi e celebrou a força de uma narrativa enraizada na vida ribeirinha e na identidade Borari.

O espetáculo começou sob a voz firme e poética do apresentador Theo Neves, que invocou a sabedoria das águas e o destino dos que vivem da travessia entre margens amazônicas. Em seguida, o cantador André Branco surgiu inspirado na leveza das garças, emprestando música e poesia ao fio condutor do enredo.

A plateia foi arrebatada quando a Rainha do Artesanato, Suzane Lima, apareceu montada em uma arara vermelha, vibrante como a própria floresta. As Suraras do Tapajós trouxeram a força das mulheres indígenas, levantando um canto de ancestralidade e resistência.

A Cabocla Borari reafirmou a beleza da miscigenação amazônica, enquanto o boto animal emergiu soberano sobre um poraquê, símbolo de energia e encantamento. Em cena carregada de espiritualidade, o curandeiro Neto Simões guiou um ritual que uniu fé e tradição, arrancando lágrimas e aplausos.

Um dos momentos mais comoventes foi a despedida da Rainha do Sairé, Maria Eulália, que se despediu do item após oito anos de reinado, deixando sua marca na história do festival. Já a Guardiã do Lago Verde, Flavia Manuela, surgiu em entrada triunfal sobre um jacaré gigante, representando a força protetora das águas do Tapajós e encerrando a noite em apoteose.

Mais do que uma disputa, o Cor de Rosa escreveu um capítulo de encantaria, reafirmando que o Festival dos Botos é palco onde arte, memória e resistência ribeirinha dançam lado a lado à beira do Tapajós.