Atlas do Patrimônio de Santarém: um mergulho na alma cultural do coração da Amazônia

Obra inédita reúne 52 patrimônios do município divididos em quatro categorias: histórico, artístico e arquitetônico; arqueológico e ambiental; festividades; música, saberes e ofícios

9/19/20252 min read

Santarém, uma das cidades mais antigas da Amazônia, carrega em suas ruas, praças, festas e tradições uma riqueza patrimonial que vai muito além do que está oficialmente registrado nos órgãos de preservação. Essa pluralidade agora ganha forma em uma obra inédita: o Atlas do Patrimônio de Santarém, organizado por Dorival Bonfá Neto, Joana dos Santos Nascimento e Letícia Siqueira Gamboa.

Mais do que um catálogo, o Atlas é uma celebração da memória coletiva e dos significados populares que sustentam a identidade santarena. Ele reúne 52 patrimônios, acompanhados de 48 fotografias e 4 mapas, divididos em quatro grandes categorias: histórico, artístico e arquitetônico; arqueológico e ambiental; festividades; música, saberes e ofícios.

Um projeto coletivo e independente

Diferente de muitas iniciativas acadêmicas, o Atlas não contou com financiamento ou patrocínio. Foi fruto da dedicação de alunos e professores movidos pela vontade de preservar, valorizar e compartilhar saberes.

Para dar forma à pesquisa, o grupo adaptou categorias inspiradas no Artigo 216 da Constituição Federal de 1988, nas classificações do IPHAN e da UNESCO, ajustando-as à realidade local. O resultado é uma metodologia que pode servir de referência para futuros estudos.

Do campo às páginas: pesquisa viva

O trabalho foi desenvolvido entre maio e junho de 2025, com intensa pesquisa de campo, visitação in loco, fotodocumentação e relatos orais. Esse contato direto permitiu não apenas catalogar os bens patrimoniais, mas também experimentar suas dimensões sensoriais e afetivas.

Patrimônios que contam histórias

Entre os destaques do levantamento estão:

Histórico, artístico e arquitetônico: a Primeira Igreja Batista de Santarém, o Museu João Fona, o Mercado Modelo, o Theatro Municipal Victória, os solares históricos e a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição.

Arqueológicos e ambientais: o icônico Encontro das Águas dos rios Tapajós e Amazonas, a Praia da Maracangalha, a Serra do Saubal e os sítios arqueológicos como o Porto e a Fazenda Taperinha.

Festividades: sete eventos comunitários que movimentam o PAE Eixo Forte, como o Festival da Farinha e do Artesanato (Cucurunã) e o Festival do Açaí (Santa Luzia).

Música, saberes e ofícios: a trajetória de artistas como o Maestro Wilson Fonseca e Sebastião Tapajós, o tradicional Festival de Bandas e Fanfarras, as Cuias Pintadas do Baixo Amazonas, os Trançados do Rio Arapiuns, a cerâmica tapajônica e a emblemática Festa do Sairé.

Uma visão plural do patrimônio

O Atlas adota uma postura ousada: não se restringe ao que é tombado ou oficializado. Ele valoriza também os patrimônios não oficiais, populares e imateriais, ampliando o conceito para refletir a diversidade e os múltiplos significados presentes em Santarém.

Legado para o futuro

Ao reunir dados dispersos em um único documento, o Atlas do Patrimônio de Santarém se torna uma ferramenta fundamental para pesquisadores, gestores públicos, educadores e a própria população. Mais do que um livro, é um mapa vivo da identidade santarena, que abre caminhos para novas formas de gestão, valorização e preservação cultural.

Acesse o Atlas completo aqui.